Pequeno Dicion?rio de Arquétipos de Massa

pequenas ficções e alguma crueldade

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sexta-feira, fevereiro 14, 2003
 
Interlúdio (ou: fragmentos que não viraram Arquétipos)

Arqueologia

- “Monumento aos Mortos da 2a. GM.” O que é GM?
- Essa é fácil. General Motors. Era uma empresa antiga de automóveis.
- Automóveis? O que é isso?


domingo, fevereiro 09, 2003
 



O Viajante do Tempo

O Viajante do Tempo vive no passado. Nunca conhecera momento melhor do que aquele que já se fora e não voltaria mais.
Quando criança, ouvia os discos de 78 rotações do pai e sonhava com um tempo que não conhecera, mas que sem dúvida era melhor do que aquela infância insossa no quintal de terra batida cheio de árvores frutíferas e mil brincadeiras. Para o Viajante, tempo bom era o de seus pais.
Na adolescência, gostava de levar a namorada (que conhecera na infância) para ver o mar, e cantarolar tangos e boleros em seu ouvido. Os boleros naquele tempo eram razoavelmente novos.
Casou-se com ela, teve um casal de filhos. Abriu um brechó. Tinha um carro velho, caindo aos pedaços. Era incapaz de lidar com novidades.
Até que veio a má notícia. Sua mulher tinha câncer.
Ela não durou muito. E o Viajante ficou só, com os filhos, os discos, as lembranças.
Preferiu os discos e as lembranças.
O Viajante nunca mais voltou ao presente.